terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Que venha 2014, com novos sabores e muitas receitas!








O ano de 2013 acaba hoje com aquele sentimento delicioso de missão cumprida. Foi um ano abençoado, onde muitos dos meus sonhos foram realizados e belas surpresas aconteceram. Um ano para agradecer.




Com a correria dos últimos meses, acabei abandonando um pouco meu blog e as postagens foram desaparecendo. Em 2014 isto não poderá se repetir, pois amo escrever. Sempre fico imaginando que estou conversando com alguém e contando minhas histórias.


Então para a última postagem do ano, vou contar meu "Ritual das Ostras", uma experiência que acontece uma vez ao ano, durante os últimos oito anos.






O lugar é Santo Antônio de Lisboa, uma das várias praias da ilha de Florianópolis. Originalmente chamada de Nossa Senhora das Necessidades de Praia Comprida, foi uma das primeiras comunidades fundadas por imigrantes açorianos. 







Seu patrimônio histórico conta com os casarios antigos, a Igreja Nossa Senhora das Necessidades, o Engenho Andrade, o antigo Posto da Alfândega, a 1ª rua calçada do estado de Santa Catarina e a fachada da casa onde se hospedou D. Pedro II na Praça Roldão da Rocha Pires. Um lugar que parece ter parado no tempo,  transmitindo uma paz indescritível com sua beleza natural.





Esta praia não é famosa pela criação que abastece o Brasil inteiro com suas ostras, como Ribeirão da Ilha e Naufragados, mas possui produção suficiente para alimentar apaixonados por ostras como eu, meu marido e meu grande e querido amigo Vero. 







É com estes parceiros que todos os anos vou a Florianópolis saciar minha vontade de ostras. Ostras frescas mesmo, recém saídas do mar.








Os grandes conhecedores podem estar pensando, mas comer ostras em dezembro está longe de ser a melhor época, pois no verão elas ficam menores e menos saborosas, devido ao aquecimento das águas que estimula a desova. Sei disso, mas não abro mão deste programa e as minhas ostras estavam divinas, perfeitas, firmes  e com aquele sabor inigualável de mar. 







Para minha tristeza ou temor que a idades esteja afetando nosso apetite, comemos apenas sete dúzias e nos demos por satisfeitos.  Uma pena. Mas ano que vem voltaremos, na mesma época e que Deus nos proteja e nos garanta um apetite maior.




Desejo à todos um 2014 maravilhoso, recheado de belas receitas e histórias.






















quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Peru 4: enfim "El Viaje"



               Falar de Gastón Acurio é sempre uma honra. Um homem que soube como ninguém unir a gastronomia, ou melhor, a cultura alimentar de um país com a preocupação social na busca pela melhora da qualidade de vida de seu povo.  Gastón poderia ter sido apenas mais um grande chef, mas foi além e se tornou um revolucionário, um transformador, um visionário. Ensinou seu país a valorizar a riqueza da sua terra e o mundo inteiro a apreciar as iguarias peruanas. 

               Além de seus vários restaurantes, quase 50,  ele também possui uma escola de cozinha na periferia de Lima, o Instituto de Cozinha Pachacútec, para jovens carentes. 

         Definitivamente ele não veio a este mundo à passeio! 

               Agora vamos ao meu último jantar em Lima, no melhor restaurante da América Latina, segundo a famosa lista dos 50 melhores, e o primeiro restaurante de Gastón, o Astrid y Gastón. Quando a expectativa é muito alta, às vezes podemos nos decepcionar e infelizmente foi o que aconteceu comigo. O menu escolhido se chama "El Viaje", que é composto de 24 pratos que contam a viagem de um italiano da Ligúria rumo ao Peru nos anos 30. Assim que chegamos ao restaurante recebemos uma pasta de couro, com vários elementos para nos transportar para esta "viagem": fotos, Cd's, uma carta e um guia deste percurso. O menu é dividido em quatro partes: La partida, La Travesía, La Integración e por último El Triunfo. Um material realmente muito impressionante, muito bem feito e belíssimo. 

                Mas, no meio da minha viagem, alguns problemas ocorreram que não permitiam que eu entrasse naquela fantasia. O primeiro deles foi a iluminação do lugar, o restaurante é muito claro e nossa mesa era exatamente em frente à mesa de apoio dos garçons. Então eu acompanhei ao longo das quase quatro horas em que estive ali, ruídos de pratos, garçons atrapalhados com as mesas, um serviço lento e desatento (por várias vezes tivemos que solicitar para sermos servidos dos vinhos). E por estar sentada em frente ao local onde todos os pratos eram colocados antes de serem servidos nas mesas, acabei perdendo o elemento "surpresa" que tanto encanta, num jantar "show" como este.

              Abaixo vou mostrar tudo que foi servido neste menu.  Alguns pratos muito bons, alguns nem tanto, mas certamente nenhum marcante. Valeu ter experimentado esta viagem, ver o trabalho de montar um cardápio como este, o espetáculo por trás de um jantar, mas de verdade, eu queria ter saido com água na boca e louca para voltar. Isto infelizmente não aconteceu!

Intro




Negroni de mandarina y maracuyá

La Partida

La madre se despide. Sus últimos gestos de amor van en la maleta.










Pan, queso, mermelada
Jamón con fruta
Pescado salado, mascarpone, limón
Antipasto de cebolla y alcachofa
Baci salado de ave y avellana


La Travesía

Liguria cada día está más lejos. Cómo serán las tierras del Perú?




 Alpaca atrapada en una pasta



Terrina de cuy, mostarda de frutas del Perú



Papa a la genovesa, leche de piñones, albahaca



La Integración

El Callao los recibe. Dos países se abrazan. Compartiendo, aprendiendo, celebrando...







Pan con chimbombo


Cebicheando por Chucuito



Muchame de bonito, agua de tomate y palta



Chupin Cioppino


 

Concha deshidratadas, caldo de coral, parmesano



El Triunfo 

El tiempo, el sacrificio, el arraigo. Todo dando vida a un mundo nuevo de memoria italiana y corazón peruano.




Aceitunas de bodega


Travessuras de un pastel de acelga


Ñoquis de papa amarilla, lardo, hongos, huacatay


La codorniz y el maiz




Cerdo, chincho, berenjena, manzana


El Retorno

De vuelta a casa. Cargado de regalos y de historias del Perú, la familia escucha y saborea lentamente. Una vez más, el viaje se ha echado a andar.






Betarraga, gorgonzola, balsámico


Casatta de mango, mazapán de sacha inchi

 




As últimas três sobremesas chegaram dentro deste containêr de madeira!


Ele é retirado e ...


 ... esta torre se divide em três partes



Carambola, lúcuma, chirimoya y maiz morado
Tiramisú, cacao peruano
Panetón helado




 Chegamos ao destino final, numa viagem de quase quatro horas!!!
 


 Missão cumprida! 


Aqui acabam meus posts sobre o Peru! Me desculpem a demora em terminar, mas em breve retorno com as receitas!

Até a próxima, Peru!!!!







domingo, 27 de outubro de 2013

Peru 3: nem mais, nem menos!





           Em primeiro lugar, peço desculpas pelo meu sumiço. Mas tenho tido alguma dificuldade em encontrar tempo para escrever no meu amado blog. 


           Então para conseguir finalizar o Peru e partir para novos horizontes gastronômicos, abaixo conto um pouco da minha experiência em alguns restaurantes que estive. E no meu próximo e último post, deixei reservado o menu de 24 pratos do Astrid e Gastón.
Apenas para explicar o título de hoje, minha expectativa quanto a culinária peruana era realmente muito grande e o que encontrei era exatamente o que esperava. Uma comida fantástica, feita com ingredientes únicos, trabalhados com perfeição e amor.






Central




          O Central é tido atualmente como um dos melhores restaurantes peruanos e o 4º melhor da América Latina. Seu chef, Virgilio Martinez é ganhador de inúmeros prêmios e sua comida apresenta fortes misturas entre a culinária japonesa, vietnamita, francesa, italiana e até brasileira.

            Vou fazer um parênteses aqui e contar rapidamente antes de me perder em meus pratos, a experiência única de andar de taxi em Lima.
            Saímos do hotel em Miraflores, em frente ao Shopping Larcomar, para quem conhece Lima, um endereço bem fácil,  entramos num taxi de rua, um daqueles carros cujas  portas podem cair a qualquer minuto. Buenas noches trocadas e o endereço do restaurante foi passado ao motorista.  Adicionamos a informação de que o restaurante que iríamos era " cerquita" do hotel. Isto eram 21:10h. Nossa reserva 21:30h. Tempo perfeito. Depois de 20 minutos no taxi, informação pedida à pedestres, policiais, manobristas, Google Maps, descobrimos que estávamos em Surquillo, uma região não muito bonita.             Foi quando assumimos o comando do caminho e às 21:50h  chegamos ao restaurante. Resumindo: os taxistas não conhecem a cidade e não possuem taxímetro , então fique "esperto"! Digo isto porque, ao sair do restaurante descobrimos que nosso hotel estava localizado há exatas duas quadras.

           Imaginando que teríamos perdido a reserva, descobrimos que na verdade não tínhamos reserva. Serviço impecável, pediram que aguardássemos no bar que sentaríamos em alguns minutos. Inconformada com a "não reserva", peço para meu marido verificar com quem fez a reserva. Foi quando descobrimos que a reserva havia sido feita para a noite anterior. Risos e brindes, fomos para a mesa.

Meu pedido foi como entrada " Tarta  de Foie Gras" , manzana mala, higo de verano, miel cabuya e vino natural.
O prato parecia uma pintura. Lindíssimo. O foie derretia na boca, mas o excesso de maças, deixou o prato um pouco enjoativo.



         Meu marido foi de "Canelón de Cordero", queso urubamba, tomate rachamac, muña,  brote de altura. O cordeiro estava divino, desmanchando e o crème brulée de queijo urubamba perfeito. Ponto para a escolha dele.



           No prato principal tinha certeza que arrasaria, fui de "Cerdo de 21 días", natilla de pera, chía, micro hoja de temporada e flor silvestre. Por mais estranho que possa parecer, meu porquinho estava duro e sem graça.


         O prato do Lu, Bife Ancho Lacado, sangre de airampo, coliflor, Kañiwa e mantequilla negra. Carne desfiando, muito boa. Ponto novamente para ele, apesar de não estar maravilhoso.


        Fiquei um pouco decepcionada com o restaurante, apesar do serviço gentil, a comida não me encantou. Lugar para voltar e tentar novamente.








La Mar

       Considerado o 15º melhor restaurante da América latina, o La Mar faz parte do império de restaurantes do famoso Gastón Acurio. Prefiro falar de Gastón, no próximo post. Então vamos ao La Mar. Uma cevicheria deliciosa, com filiais em San Francisco, Santiago, São Paulo, Cidade do México, Cidade do Panamá e Nova Iorque. Tudo começa com crocantes chips de batatas, mandioca e banana e molhinhos à base de aji.
       Começamos com um antocuchos de pulpo,  asados a la brasa con chimichurri parrillero y papitas al mortero.




      Como prato principal fui de  Ravioles negros de cangrejos, um prato rico e de sabor intenso.



       Meu marido escolheu o Linguini con erizos, as ovas de ouriços estavam perfeitas.



       Todos os pratos muito bons e o ambiente do restaurante é elegante e ao mesmo tempo informal e muito agradável.












El Mercado



      Este restaurante foi sem dúvida um dos mais agradáveis que estive em Lima. O lugar perfeito para um almoço despretensioso e maravilhoso ao mesmo tempo. Faz parte do grupo de restaurantes do famoso chef Rafael Osterling, considerado atualmente um dos melhores chefs da America Latina.
O que mais me surpreendeu neste lugar além da comida, foi o serviço. Extremamente eficiente e gentil. E quanto a comida, definitivamente o melhor polvo que eu comi na minha vida. 

 
         Aliás, foi a primeira vez que vi um polvo desfiando. O sabor e a maciez surpreendentes. 





 
 
 

 
 


No El Mercado, fomos de Ceviche de Lenguado,  depois uñas de cangrejo, pulpo a la parrilla e por último experimentei uma Causa Original, prato típico peruano feito com batatas. 








A minha era com: cangrejo & langostinos en salsa cocktail, aiolli de palta, huevo & crema de ajíes. Tudo muito, muito gostoso!








 No próximo post, encerro minha viagem ao Peru, com o menu VIAGEM de Gastón Acurio.
 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Peru 2: a descoberta do Paraíso!





Para quem já ouviu falar nos famosos sushis de Jiro Ono, pode compreender quem é Javier Wong para o ceviche peruano. 

Quando conseguimos a reserva fiquei muito, muito feliz e excitada para o grande dia. E finalmente conheci este mestre, este gênio. 


Chegar ao Chez Wong é entrar num mundo diferente. Além de ficar localizado num bairro distante, a  fachada do restaurante  não tem sequer o nome na porta. O lugar é muito simples, poucas mesas, muitas prêmios e reportagens pendurados na parede. 





Um templo onde pouco se fala e cujo ritual começa em frente aos comensais, quando Chef Wong agilmente limpa um linguado enorme para preparar seu famoso ceviche.




Pedro, o  garçom que nos atende,  explica que não temos um cardápio, temos apenas as opções do dia,  que são um ceviche e um prato quente. Para nós está ótimo. Perfeito.




Começamos então com  um ceviche misto, de polvo e linguado. O frescor do peixe era tanto, que parecia que havia sido pescado há poucos instantes. E o linguado foi misturado apenas com o polvo, cebola roxa, suco de limão, sal e pimenta. Formando o clássico "leche de tigre", aquele caldo que se forma depois que o limão é  acrescentado ao peixe. Só faltou lamber o prato, o resto eu fiz!






Depois de um ceviche como o que comi, difícil imaginar que o prato quente fosse tão bom. E a surpresa foi resolvida na primeira garfada, outro prato espetacular. Uma mistura de cogumelos, ervilhas, couve chinesa, pimentão, suco de laranja, linguado e o inusitado melão cantaloup.




O prato terminou rapidamente, e eu e o meu marido, inconformados chamamos o Pedro. Queríamos comer mais! Pedro desconversou e foi falar com Javier para ver se era possível. Quase sem mexer os lábios Javier sinalizou que a "festa" tinha acabado. 
O Pedro se expressou um pouco diferente, foi mais ou menos assim : Desculpe mas, o "peixe"  acabou,  a pesca hoje foi fraca porque o mar estava muito mexido. 
Fiz cara de triste, de criança que quer mais. E nada. Continuamos no restaurante mais um pouco para finalizarmos nosso vinho, quando vem a bela surpresa.
Pedro nos avisa que Javier disse que fará outro prato para nós. Quase aplaudi de pé!!!






Como se fosse possível, este último prato conseguiu ser ainda mais surpreendente que o anterior. Um prato agridoce, com a mistura de linguado, novamente a couve chinesa, abobrinha, abacaxi, salsa de rocoto (um molho de pimenta rocoto) e quinua. 



 


Antes de sair, tive que tietar meu ídolo e lhe pedir esta foto. O até então sério e silencioso mestre, se mostrou simpático, gentil e me contou que em novembro estará no Brasil, a convite de um chef francês que é muito famoso, mas que ele não sabia direito o nome. Claude, é você? 



Restaurante já vazio e o sorriso largo de quem comeu e definitivamente gostou!